Mato Grosso do Sul fechou 2023 com um saldo positivo de 27.986 empregos com carteira assinada, resultado de 393.765 admissões e 365.779 demissões. No mesmo período de 12 meses, foram formalizados 34.804 microempreendedores individuais (MEIs).
Ao considerarmos que o ano passado teve 250 dias úteis, é possível afirmar que entre janeiro e dezembro de 2023 foram mais de 139 MEIs registrados por dia em todo o Estado ante 111 carteiras assinadas. Ou seja, foram 28 MEIs a mais (24,36%) que empregos formais.
Conforme os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o resultado do ano passado foi 31,15% menor que o registrado em 2022, quando o saldo de postos de trabalho com carteira assinada foi de 40.648.
De acordo com economistas, essa é uma trajetória natural porque há um ajuste do mercado local, principalmente comparado a 2022, quando a geração de empregos foi recorde.
Para o doutor em Administração Leandro Tortosa, na comparação é possível perceber que 2022 teve um comportamento diferente do ano passado.
“Em 2022, a criação de vagas foi mais intensa, principalmente entre maio e setembro, por conta de diversos incentivos dados pelo governo federal naquele momento. A partir de outubro até dezembro, houve uma forte queda, comportamento antecipado por nós [economistas], quando fizemos a mesma análise em 2022”, avalia.
O mestre em Economia Lucas Mikael destaca que Mato Grosso do Sul vive uma situação de pleno emprego.
“Momento em que a população em idade de trabalho e que busca emprego o encontra com pouco esforço, sem grandes dificuldades. A economia de Mato Grosso do Sul passa por momentos de grandes investimentos”, garante.
Já o estoque de empregos formais é quase três vezes maior que o número de microempreendedores no Estado. O ano passado finalizou com 624.894 pessoas trabalhando com carteira assinada ante 212.983 MEIs ativos, diferença porcentual de 193%.
Ainda conforme os dados do Novo Caged, no acumulado do ano passado, o setor que mais gerou empregos foi o de serviços. Foram 141.380 admissões contra 131.024 desligamentos, saldo de 10.356 empregos com carteira assinada em 2023.
O setor de serviços é responsável por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.
“O segmento]abrange várias atividades econômicas que não estão diretamente ligadas à produção de bens físicos, mas sim à oferta de serviços intangíveis para atender às necessidades e às demandas da população e das empresas”, explica Mikael.
Na sequência, o segundo maior gerador de empregos foi o comércio, com saldo de 5.521 vagas, resultado de 97.587 contratações e 92.066 demissões.
Já a indústria aparece como o terceiro setor que mais empregou no ano passado, com 58.321 contratações contra 52.983 demissões – um saldo de 5.338 empregos. A agropecuária registra resultado positivo de 4.100 vagas, e a construção civil gerou 2.671 empregos formais.
No recorte mensal, dezembro é tradicionalmente um mês com saldo negativo em todo o País, em decorrência das contratações temporárias. Em Mato Grosso do Sul, foram 23.150 pessoas contratadas ante 31.551 desligamentos, saldo de -8.401 empregos formais.
Entre os setores, o de serviços lidera com saldo de -2.962 empregos, seguido pela construção civil (-2.233), pela agropecuária (-1.504), pela indústria (-989) e pelo comércio (-713).
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, ressalta que dezembro não é o melhor mês do Caged. “Pelo contrário, é um mês em que as empresas fazem a rescisão de contratos, especialmente os temporários.
E tem também os estados, especialmente [nas áreas de] educação e saúde, que acabam rescindindo contratos”, esclarece.
Conforme publicado pelo Correio do Estado na edição do dia 13, o número de MEIs cresceu 19,53% no intervalo de um ano em Mato Grosso do Sul. Em 2022, eram 178.179 registros ativos, enquanto no ano passado foram 34.804 formalizações a mais homologadas, chegando ao total de 212.983, conforme dados da Receita Federal, divulgados pelo Sebrae-MS.
O número de microempresários individuais mais que dobrou em cinco anos.
Em 2019, eram 104.669 inscrições ativas, alta de 103% na comparação com o total informado em 2023.
Economista e sócio da WGSA Gestão Empresarial, Renato Gomes destaca que, atualmente, o País tem quase 70% dos CNPJs representados por MEIs. “Desde 2017, o número dobrou, e entre 2020 e 2023 a quantidade de empresas no modelo MEI cresceu 55%”, afirma.
Gomes atribui o crescimento da quantidade de empresas MEI em Mato Grosso do Sul ao acompanhamento de uma tendência nacional.
“Podemos atrelar esse aumento elevado ao custo que a contratação pela modalidade da Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, impõe no orçamento das empresas. Por essa razão, o MEI se torna uma alternativa de contratação mais barata”, detalha.
O Brasil registrou saldo positivo de 1.483.598 empregos formais em 2023. Foram registradas 23.257.812 admissões e 21.774.214 desligamentos.
O maior crescimento do emprego formal no ano passado ocorreu no setor de serviços, com a criação de 886.256 postos. No comércio, foram criados 276.528 empregos; na construção, 158.940; na indústria, 127.145; e na agropecuária, o saldo foi de 34.762 postos de trabalho.
Nas 27 unidades federativas, ocorreram saldos positivos de emprego, com destaque para São Paulo (390.719), Rio de Janeiro (160.570) e Minas Gerais (140.836). A maioria das vagas criadas no ano passado foi preenchida por homens (840.740). Mulheres ocuparam 642.892 novos postos.
Conforme reportagem da Agência Brasil, os resultados de 2023 não atingiram as previsões do ministro do Trabalho e Emprego, que projetava a geração de mais de 2 milhões de empregos com carteira assinada no ano.
“Do jeito que herdamos a gestão do País, eu creio que foi um número razoável. Não vamos comemorar, mas foi um número razoável dentro do primeiro ano de governo”, disse o ministro, acrescentando que a tendência para este ano é um aumento na geração de empregos, especialmente pela retomada de projetos de infraestrutura.
Suzan Benites, Correio do Estado
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